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domingo, 9 de dezembro de 2012

Interesses econômicos ameaçam defensores dos direitos humanos, diz Anistia Internacional

Tribos indígenas participam de discussão sobre a instalação da usina de Belo Monte.

Foto: Elza Fiúza/ABr
A expansão de interesses econômicos nas Américas tem gerado conflitos com a população local e aumentado as ameaças a defensores de direitos humanos da região, segundo a Anistia Internacional. Essa relação é apresentada no estudo Transformando Dor em Esperança, divulgado nesta sexta-feira 7, que analisa 300 casos violência contra defensores (entre eles cinco brasileiros) em 13 países, como Argentina, Brasil, Colômbia, Estados Unidos e México. Do total, apenas cinco episódios tiveram punição da Justiça.
O relatório destaca o importante papel dos defensores para os avanços sociais nas Américas nos últimos anos e os riscos enfrentados por eles. Segundo a ONG, que analisou casos entre 2010 e 2012, as denúncias de ataques contra estes indivíduos aumentaram. Foram registrados o uso de sequestros, ameaças, assassinatos e desaparecimentos forçados como métodos de intimidação.  Além disso, muitas de suas ações têm sido criminalizadas.
O grupo de defensores mais ameaçado, de acordo com o levantamento, é o que trabalha com temas relacionados à terra e recursos naturais, geralmente em áreas afetadas por conflitos armados internos, disputas por territoriais ou megaprojetos. Algo reforçado pela desigualdade entre ricos e pobres nas Américas. “As disparidades na distribuição de terras e de recursos econômicos refletem essa divisão profundamente arraigada. Aqueles que amplificam as demandas por justiça e pelo fim da discriminação, geralmente provenientes dos setores mais marginalizados da sociedade, costumam ser perseguidos e atacados”, destaca o relatório.
E, muitas vezes, a solução destes conflitos acaba sendo a violência. “É impressionante que quase todos os casos documentados pelo relatório estejam relacionados ao quanto os processos de desenvolvimento seguem atravessados pela violência. É chocante que tenhamos chegado a uma situação em que a violência é um instrumento de abertura de território para o desenvolvimento”, afirma Átila Roque, presidente da Anistia Internacional no Brasil, a CartaCapital.
Há também a ausência do Estado nas regiões em que ficam localizadas as terras ricas em recursos naturais ou posicionadas em áreas geograficamente estratégicas. Nestes locais, geralmente, as populações indígenas, comunidades de pequenos agricultores ou de afrodescendentes acabam pressionadas pelos interesses econômicos. “Frequentemente, esse vácuo do Estado é preenchido por redes do crime organizado, por paramilitares ou por indivíduos ou grupos privados econômica e politicamente poderosos”, aponta a ONG.
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