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terça-feira, 13 de outubro de 2009

ALGAROBA SUBSTITUI TRIGO, FAZ MEL, BEBIDA E ATÉ GELÉIA






PLANTA É RICA EM AÇÚCARES, PROTEÍNAS E SAIS MINERAIS E SEUS FRUTOS SÃO AROMÁTICOS E DOCES.


Em 16 de agosto de 2009, no Jornal Correioda Paraíba,
foi apresentado aos paraibanos uma linha de pesquisa que
vem trazer os vários benefícios proveniente da “condenada” algaroba (Prosopis juliflora), leia e tire
suas dúvidas se a algarobeira é boa ou ruim? Ou é o
homem que condena tudo aquilo que ele não conhece?

Bolo, pão, biscoito, bebida, geléia, mel, pudim, sopa e papa são algumas das iguarias que podem ser elaboradas a partir das vagens de uma planta muito comum no semi-árido nordestino, a algarobeira.
O pesquisador e doutor no assunto Clóvis Gouveia da Silva garante que “a parede dos frutos da algarobeira é rica em açúcares, proteínas, sais minerais e outras substâncias que são transformadas em matéria-prima para a produção desses alimentos”.
E a coisa não é de agora. O doutor em Engenharia de Processos pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e pesquisador vinculado ao Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba (CT-UFPB), localizado no Campus I da instituição em João Pessoa, revela que as vagens da planta são frutos palatáveis aromáticos e doces, “e estão entre os alimentos mais antigos utilizados pelo homem no novo mundo”. O uso das vagens da algarobeira na alimentação humana data da época do descobrimento, quando navios espanhóis aportaram na América do Sul e os conquistadores encontraram índios comendoaqueles frutos. O consumo era mais intenso em regiões semi-desérticas, que se estendem desde o sul do Equador ao centro do Chile e da Argentina.
Dentro da lógica de que da algaroba nada se perde, o pesquisador destaca que a partir dos açúcares extraídos das vagens da planta é possível obter etanol, vinagre, acetona, ácido cítrico, enzimas e muitos outros componentes, a exemplo de aldeídos e metanol, e que os ácidos e os ésteres produzidos durante a fermentação contribuem para a melhoria da qualidade de diversas bebidas.
Ele também lembra também que a região semi-árida normalmente enfrenta longos períodos de estiagem. “Seria quase impossível o sertanejo sobreviver sem a algarobeira, pois dela sai a grande quantidade de frutos destinados à alimentação animal e o volume de madeira usado em construções e instalações rurais, como cercas, porteiras, cocheiras, mourões e carros de boi. A extração de lenha e carvão é outra vantagem da planta, pois são materiais queimados em fornos cerâmicos, padarias, usinas e siderúrgicas por todo o Nordeste”, destaca.

PESQUISA DAS POTENCIALIDADES DA PLANTA.
Clóvis Gouveia pesquisa a aplicação das potencialidades biotecnológicas da algaroba para a produção de alimentos e bebidas na Paraíba há mais de 10 anos. Com seu trabalho, ele concorreu por duas vezes ao Prêmio Finep de Inovação Tecnológica nos anos de 2006 e 2007.
Ele observa que o mundo está cada vez mais focado no rápido crescimento de sua população, cuja conseqüência imediata é o aumento da demanda alimentar. Portanto, há uma “necessidade urgente de elevar a oferta de alimentos sem prejudicar o meio ambiente”.
De olho nesse grave problema, ele observa que vem desenvolvendo na Paraíba, de forma pioneira, vários trabalhos “com o objetivo de potencializar o aproveitamento dos frutos da algarobeira nas regiões semiáridas do Nordeste, onde a subnutrição é reflexo direto da carência de alimentos potencialmente nutritivos e de fácil aquisição”. E explica que a planta, mesmo rica em nutrientes, é desperdiçada por falta de tecnologias que viabilizem a sua exploração racional por essas populações carentes de alimentos.
O pesquisador paraibano foi o primeiro a desenvolver no Brasil trabalhos com a aguardente de algaroba, estudos que lhe valeram o título de mestre. Depois disso, ele não parou mais e sentiu a necessidade de passar ao processo produtivo, viabilizando o aproveitamento do potencial de açúcares existente nas vagens para implantação de pequenas unidades em escala micro-industrial. “Essas unidades proporcionam um retorno financeiro significativo ao produtor, e geram emprego e renda para as regiões onde estão instaladas”, informa.

AGUARDANTE, LICOR, VINHO E ATÉ AFRODISÍACO.
Outra vantagem do cultivo da algarobeira no semi-árido apontada pelo pesquisador é a de que as vagens favorecem os processos bioquímicos, viabilizando a tecnologia de produção de álcool, aguardente, licor, vinho, mel, enzimas, ácidos, gomas, vinagre e até bebida que substitui o café. Isso se dá em função do elevado teor de açúcares, associado a altos níveis de nitrogênio desses frutos. Em alguns países andinos, as vagens servem para fabricar bebidas
tipo aloja, chicha, etole e algarobina (essa um tipo de fortificante estomacal e afrodisíaco).
Defensor intransigente das várias formas de utilização da planta, Clóvis Gouveia atesta que a algaroba é um recurso natural renovável, disponível e, valorizar sua cadeia produtiva usando técnicas agrícolas simples e apropriadas, é fundamental para o desenvolvimento sustentável do Nordeste. “Em razão dessas informações, as vagens constituem uma fonte de matéria-rima para o desenvolvimento de uma série de produtos e inovações tecnológicas estudadas por pesquisadores do mundo inteiro”, completa.

NO MEIO AMBIENTE.
Mesmo com todas essas vantagens para o desenvolvimento sustentável de regiões áridas e semidesérticas, a algabora enfrenta restrições no meio científico e até mesmo entre as populações que seriam beneficiadas com uso correto de seu potencial.
Existem correntes de pensamento que tratam a planta como uma ‘vilã’ para o solo. A essas pessoas, o pesquisador responde com a certeza de que a algarobeira fixa no solo o nitrogênio absorvido do ar e o transforma em nitrato.“Os nitratos solúveis do solo são absorvidos pelas raízes das plantas e transformados em proteínas vegetais.
Essas são usadas na nutrição de animais superiores, transformando-se em proteína animal que funciona como verdadeiro adubo vivo, fornecendo à planta os sais de nitrogênio necessários ao seu desenvolvimento”, esclarece.

PLANTA AJUDA A FERTILIZAR O SOLO.
Para quem pensa que a algarobeira prejudica o meio ambiente, Clóvis lembra que se cultivada de maneira racional, a planta fertiliza o solo, cria um agradável clima ao seu redor e ajuda a minimizar o calor nas cidades e comunidades rurais do Nordeste, combate a desertificação com reflorestamento de imensas áreas de matas nativas devastadas pelo homem. “Quem conhece as suas potencialidades, não perde tempo e usa na sua propriedade.
Viajando pela Paraíba, é quase impossível não se deparar com a beleza da paisagem promovida por algarobais em grandes áreas rurais”, ressalta.

TECNOLOGIA LIMPA.
A partir dos resíduos provenientes da extração dos açúcares para obtenção da aguardente de algaroba, o pesquisador viu que era possível transformá-los em farinhas e desenvolver outros produtos de base alimentícia. E ele insiste que o cultivo racional da planta pode viabilizar grandes empreendimentos no Nordeste, a exemplo da indústria ‘Riocon’, instalada na Bahia e que processa acima de 150 toneladas/ano de farelo para a produção de ração animal.
A colheita e venda de vagens às margens do rio São Francisco integram a rotina dos produtores daquela região. Com esses estudos, Clóvis Gouveia diz ter encontrado respostas que possibilitam o aperfeiçoamento da produção de aguardente de algaroba e, principalmente, geram produtos alimentícios a partir dos resíduos obtidos no processo, sem comprometer o meio ambiente e aproveitando 100% da vagem.
Por ROBSON NÓBREGA.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ambiente preservado e não abandonado a Algaroba não entra...



Os “doutor” tiveram de esperar esse tempo todo, falarem um monte de barbaridades, pra chegar a uma conclusão, esta já conhecida de todos os agricultores do cairi...
A degradação da caatinga é que facilita a invasão da algarobeira no sertão. Nas áreas onde o ecossistema natural está preservado, a espécie, que é exótica, não consegue se dispersar de forma indiscriminada e ocupar o espaço da vegetação nativa, mesmo nos locais mais úmidos, a exemplo das áreas de matas ciliares e de galerias. Esta é uma das conclusões da tese de doutorado - “Comportamento invasor da algarobeira (Prosopis julifora) (Sw) DC. nas planícies aluviais da caatinga” - defendida este ano pelo pesquisador Clóvis Eduardo de Souza Nascimento, da Embrapa Semi-Árido, junto ao Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Pernambuco.
Neste estudo, ele analisou o comportamento da algarobeira em 10 áreas dos municípios de Petrolina e Dormentes, em Pernambuco, e Juazeiro e Jaguarari, na Bahia. Em cada uma delas, coletou informações de três ambientes contínuos, a partir da margem de rio/riacho, que o pesquisador nominou de planície aluvial, terraço aluvial e platô. Ou seja: de um ponto de maior umidade para outro mais seco.
Agressiva – Para Clóvis, a presença dessa planta por todas as zonas agroecológicas do semi-árido brasileiro registra o mais grave fenômeno de invasão biológica de uma espécie exótica sobre a vegetação da caatinga. A agressividade desta invasão pode ser observada em extensas áreas de “baixios”, principalmente, nos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco e Bahia. Nestes locais, o denso povoamento de algarobeiras domina a paisagem. O que se vê é a presença quase que exclusiva de indivíduos dessa espécie.
O pesquisador destaca que os estudos sobre a algarobeira precisam abrir perspectivas de uso racional da planta nos sistemas agrícolas e mesmo em processamentos industriais, ou ainda estabelecer estratégias de manejo a fim de inibir sua característica invasora. Atualmente, são estimados 500 mil hectares ocupados por indivíduos dessa espécie no semi-árido e sem qualquer estimativa de quanto dessa área corresponde a plantios efetivamente feitos por agricultores ou à dispersão por meio de animais, sem controle algum.
Útil - Uma área deste tamanho ocupada espontaneamente por indivíduos de uma mesma espécie só mostra o quanto está adaptada e estabilizada no ambiente. E, embora localizada em ambientes ciliares, considerados como Áreas de Preservação Permanente - APP, o corte puro e simples para permitir a recomposição da vegetação nativa é algo totalmente fora de cogitação. A algarobeira tem muitas qualidades agrícolas. Além de ser importante como forrageira, as vagens das plantas se prestam para vários fins na alimentação humana, à partir da confecção de farinha, bolos, biscoitos, café, geléia, licor, cachaça e vinagre.
No semi-árido, costuma ainda ser utilizada como produto madeireiro (mourões e estacas para cercas) e energético na forma de lenha e carvão, que são muito utilizados nas propriedades rurais. Em tempos recentes tem sido empregada em setores econômicos que, nas áreas urbanas do semi-árido, fazem uso de fonte energética vegetal (padarias, pizzarias, churrascarias, curtumes e outras indústrias). É uma planta de muitos recursos que precisa de estudos para ganhar sustentabilidade no semi-árido, explica Clóvis.
Barreira natural - Na tese de doutorado, o pesquisador realizou investigações para explicar uma lacuna presente em grande parte dos estudos acerca da invasora: o seu desenvolvimento nos ambientes de “baixios”. Uma constatação sua foi o estado de depredação da caatinga. “A vegetação ciliar dos afluentes do rio São Francisco, que corta os sertões nordestinos, está quase eliminada devido à exploração extrativista. As terras de fundo dos vales, melhores para fins agrícolas, são as mais atingidas”.
Esse cenário de degradação da biodiversidade da caatinga é que abre caminho para a dispersão da algarobeira, em especial nas áreas de maior umidade, explica Clóvis. Isto está bem documentado na sua tese: nos locais mais próximos ao leito de riachos e desprovidos de mata nativa foram registrados maior população da espécie exótica. À medida que o pesquisador deslocava sua observação para pontos distantes dos riachos, portanto, mais secos, menor foi a presença de plantas de algarobeira, não afetando, dessa forma, a riqueza e diversidade das espécies nativas, mostrando a dificuldade da exótica para invadir ambientes mais secos e com a vegetação em estágio avançado de sucessão.
Para ele, aí está uma evidência de que a algarobeira não irá invadir o bioma caatinga de forma indiscriminada. O estresse hídrico é uma barreira natural à sua proliferação desordenada por grandes áreas parte do semi-árido. Entretanto, somente nos ambientes degradados e com a vegetação em desequilíbrio, nas zonas agroecológicas com maior umidade, a planta exótica entra em competição acirrada com as nativas provocando a morte de muitas delas. Espécies que foram testadas em competição com a algarobeira: mulungu (Erythrina velutina), alagadiço (Mimosa bimucronata), caatingueira-rasteira (Caesalpinia microphylla), pau-ferro (Caesalpinia ferrea) e jurema-preta (Mimosa tenuiflora), mostraram diminuição da altura, do diâmetro do tronco e da área foliar, com o aumento de mortalidade dessas nativas.
Manejo – As espécies pau-ferro e jurema preta tiveram um comportamento que, para o pesquisador, que pode ser melhor aproveitado em ações de recomposição da vegetação original nas áreas invadidas. As duas foram as que menos morreram e mais cresceram, na competição com a algaroba. Na tese, o pesquisador propõe aos agricultores monitorar as áreas invadidas. Para controlar a disseminação desordenada de indivíduos dessa espécie, pode se recorrer a capinas e podas ou, ainda, à aplicação de herbicidas seletivos nas plantas ainda pequenas.
A aplicação de produtos químicos surte o efeito de controle se aplicados no período de maior sobrevivência e esperança de vida que é de 75 dias em locais de maior umidade. O agricultor pode ainda processar as vagens para produzir forragem (torta e farelo) e evitar o pastejo de animais nas áreas invadidas, para conter a disseminação e o aumento populacional de Prosopis juliflora.

Fonte: Embrapa Semi-Árido
Clóvis Eduardo de Souza Nascimento - pesquisador; clovisen@cpatsa.embrapa.br

terça-feira, 25 de agosto de 2009

EI ZÉ... POR FAVOR, SE FOR LER NÃO PARE, POIS VAI TER GENTE QUE VAI LER E VER QUE VOCÊ NÃO LIGA OU NÃO SABE O QUE ESTAR ESCRITO...


“Eu sou Zé. Zé qualquer coisa. Meu trabalho é uma mercadoria que eu vendo. Não tem nada a ver com o meu pensar. Nele eu me despersonalizo.
Meu colega é meu rival que, potencialmente, se multiplica por todos aqueles que podem me substituir.
Eu estou só na lutar pela vida.
Dizem, também, que é o esforço, a dedicação e a tenacidade que fazem de uns mais bem sucedidos que os outros. E eu luto para demonstrar que sou bom naquilo que faço. Luto por uma vida mais digna, que não alcanço nunca. Se só o trabalho pudesse melhorar a vida, escola e boa alimentação. E nós teríamos uma casa limpa e sólida para viver.
Eu sou o Zé. O Zé que constrói pontes, edifícios, barragens, cercas, casas, que limpa as ruas e repartições, concerta coisas, arruma casas e grandes festas; aquele que trabalha na fábrica de automóveis, de eletrônicos, de tecidos. Mas que não tem acesso a nada do que faz...
Eu sou o Zé que torna possível a vida de muitos, mas com quem ninguém se importa. E que, qualquer dia desses, vai morrer na fila de um hospital público a ser jogado numa vala comum, sem pessoas para me levar...”

JÁ QUE LEU ATÉ AQUI, CONTINUE...

IDEOLOGIA E ALIENAÇÃO

“o fenômeno de alienação, de
externalidade, de ‘participação’ extrema
sem individualidade e de separação entre
o intelecto e o sentimento, características
do nosso tipo de cultura presente, levam
à esquizofrenia coletiva.”
(Erich Fromm)


Quando se fala em ideologia, o que nos vem logo à mente? Um sistema de idéias. E, sem dúvida, não deixa de ser. Se digo: “tenho uma ideologia”, “fulano não tem ideologia”, “a ideologia do partido”, estou me referindo, geralmente, e um ideal concretizado na sistematização de algumas idéias.
Entretanto, na visão marxista, a palavra ideologia tem um sentido mais profundo e nos mostra que, normalmente, as idéias cristalizadas em sistemas que governam as sociedades nada mais são do que ocultação da realidade.
Segundo a concepção dialética, o homem só se realiza na sua práxis. Fora dela, ele é um alienado. E o propósito das ideologias costuma ser, exatamente, alienar o homem.
Na verdade, a ideologia concerne à consciência, mas é, realmente, inconsciente.
Geralmente, elaboramos um sistema de idéias para explicar uma realidade social, mas na verdade, é a realidade que explica aquela sistematização de determinadas idéias. Vejamos: quando nascemos, encontramos um mundo que nos apresenta como um mapa onde tudo já está explicitado e determinado. Existem zonas “proibidas”, regras sagradas, e os “pode” e “não pode”.
Desde cedo, os chamados “aparelhos ideológicos do Estado”, como família, a escola, a Igreja, os partidos políticos, colocam em nossa cabeça certa “visão de mundo”, certas explicações a respeito de tudo como se fossem verdades inquestionáveis.
Por que aceitamos que haja uma moral para o homem e outra para a mulher? Por que há sociedades em que as mulheres aceitam a barbaridade de serem mutiladas, na infância, para nunca sentirem prazer? Como o trabalhador aceita uma situação em que ele mal ganha para sobreviver, enquanto o patrão se enriquece cada vez mais? Por que aceitar que enquanto uns têm milhares de hectares de terras cerdas pra dizer: “é meu...” e outros não têm um metro de terra pra plantar um pé de coentro? Como não percebe o absurdo das classes sociais, em que uma viver da exploração de outras? Por que uma realidade social é conservada? Como explicar que uma realidade, às vezes até cruel, seja aceita como “normal” e “natural” ?
Como entender a existência de uma antena parabólica em uma casa de taipa, onde falta o essencial? Por que as crianças choram por um papai Noel que não veio? Por que um voto por um par de sandálias? Por que as pessoas miseráveis contemplam, maravilhadas, vitrines repletas de produtos que lhes são inteiramente inacessíveis? Por que admirar uma pessoa normal por que ele tem um carro importado? Por que chamar de Doutor um sujeito só por que tem muito dinheiro? Por que permitir-lhes passar a frente, ou nem enfrentar uma fila, porque eles têm compromissos urgentes em outro local? Por que ter de se vestir da mesma forma que todos, só para tarem na moda, e ser igual a todos? Por que faz a comida na janta com você?
Por que as pessoas se colocam como cordeiros diante de uma situação tão revoltante?
Aí somos remetidos exatamente à questão da ideologia, que é o obscurecimento da realidade para favorecer uma determinada classe dominante. As pessoas aceitam situações tão revoltantes como naturais porque foram condicionadas, desde cedo, a verem-nas como “certas”.
E o problema da ideologia é tão sério, o trabalho de condicionamento é tão bem feito e tão antigo, que os próprios membros da classe dominante acham muito natural: “as coisa são assim mesmo, alguns nascem para ser pobres”, “que nasceu para cangalha não chega a sela”, etc. e existem mil maneiras de alienar o homem.
Por que um pobre coitado chega em casa às 23 horas e levanta-se às 4 e apenas trabalha e não para, um só minuto, para pensar no absurdo desta situação? Por que sua mente já foi bem trabalhada e ele dá “graças a Deus” porque ainda tem um trabalho e pode comer...
Mas, além de alienado da verdadeira realidade, o homem, cada vez mais, se aliena de si próprio, de sua verdade e de seu trabalho.
Sem dúvida alguma, como já falava Karl Marx, é no trabalho que o homem se realiza como homem. Mas num trabalho automático, sem criatividade alguma, que ele detesta?
São os homens que criam as relações sociais. E é daí que temos de partir para compreender a maneira como agem e pesam de determinadas formas. Também eles são os que dão sentido a tais relações e as conservam ou transformam. E são eles, pelo próprio movimento da história... que procuram fixar determinadas relações em instituições que, por sua vez, vão perpetuar estas relações.
Através da ideologia, os homens procuram “legitimar” condições de exploração, dominação, desprezo e injustiça.
E não podemos nos esquecer que toda prática social tem como ponto de partida a ideologia. Ela impregna tudo, até a própria ciência. Por isso é preciso cuidado ao filosofar, porque, sem o percebemos, podemos estar sendo governados pela ideologia, idéias que, “a priori”, já estão estabelecidas em nossas mentes. Podemos, sem querer, estar fazendo o jogo do poder desde o momento em que levantamos as questões que vão dirigir o nosso filosofar...
Resumidamente ideologia é um sistema de idéias para explicar a realidade. Geralmente, ocultar a verdadeira realidade para favorecer a alguns. Os homens aceitam uma realidade absurda e injusta porque são alienados. A ideologia governa toda a ação e o pensar.

Obrigado por ter lido até aqui...


“se você se sentir só, é porque construiu muros ao seu redor em vez de pontes!”
“ para evitar as críticas, não faça nada, não diga nada, não seja nada!”
“os obstáculos lhes parecerão grandes ou pequenos. Depender de você ser grande ou pequeno!”


Pare, pense, calcule e aja... com estima e apreço,
GENILSON BEZERRA DE BRITO
Engº Agrº EMATER - PB

Pustumeira: uma nova e boa opção de forragem para a caprino-ovinocultura do Semi-árido.
Embrapa Semi-Árido

Planta Nativa resistente ao estresse hídrico


A observação dos hábitos alimentares espontâneos dos animais nas áreas secas do Nordeste tem levado à identificação de plantas com potencial forrageiro para cultivo pelos agricultores. É assim com a Pustumeira (Gomphrena sp.), uma espécie de arbusto que chamou a atenção do pesquisador Francisco Pinheiro de Araújo, da Embrapa Semi-Árido, por se destacar com um verde “exuberante” numa paisagem em que a vegetação se encontrava já totalmente seca em municípios do sudoeste da Bahia.


A observação do pesquisador foi acentuada pelo local onde as plantas de pustumeira vegetavam: uma encosta de estrada com solo cheio de pedregulhos e de baixa fertilidade. Além disso, em análises realizadas no Laboratório de Nutrição Animal, identificou mais qualidade importante para uma forrageira: altos níveis de proteína na folha (22,6%) e caule (13%). A espécie ainda é muito palatável, o que significa dizer que os animais consomem sem qualquer dificuldade fazendo pastejo diretamente no campo, explica Pinheiro.


Perene – Identificar plantas com essas características na rica biodiversidade da caatinga contribui para se estabelecer manejos sustentáveis para atividades agrícolas importantes na região a exemplo da criação caprina e ovina. Bem adaptadas aos rigores climáticos do semi-árido, podem ser cultivadas nas áreas já desmatadas e que encontram-se em descanso.


Na Embrapa Semi-Árido, a pustumeira passa por uma espécie de domesticação. Os pesquisadores e técnicos, que já conhecem o comportamento da espécie em seu ambiente natural, realizam vários testes de campo em diferentes ambientes e em laboratórios a fim de estabelecerem a melhor maneira de seu uso nos sistemas de produção pecuário no sertão nordestino. Essas espécies, com os níveis nutricionais e a resistência à seca, contribuem para o aumento da quantidade de animais suportada pelas propriedades, explica Pinheiro.


Com as informações já disponíveis, Pinheiro tem incentivado os agricultores a plantarem a pustumeira nas suas roças. Segundo ele, o plantio por mudas é a melhor maneira de cultivo. Para sua confecção em sacos plásticos, basta apenas dispor de um galho tenro (ainda verde) com 15 cm de comprimento e pelo menos quatro gemas (locais de onde sairão novos galhos). A brotação e a formação de raízes ocorrem após 35 dias. Sessenta dias depois, as mudas estarão prontas para serem levadas ao campo. O ideal é que coincida com o início das chuvas.A primeira colheita já pode ser feita cerca de 6-7 meses após o plantio, justamente num momento em que a vegetação da caatinga se encontra em adiantado estado de seca. Em um hectare, sob um espaçamento de 1,0 m nas linhas e 0,5 m entre as plantas é possível colher até 5 toneladas de matéria seca. “É uma produção muito boa” para uma espécie rústica que pode ser cultivada nos mais variados tipos de solo da região semi-árida, especialmente, nas áreas de pousio, além de apresentar a vantagem de ser uma espécie perene.A reunião das características de ser uma espécie altamente palatável, tolerante à seca, com potencial produtivo e nutritivo, torna a pustumeira uma importante alternativa para cultivo pelos agricultores familiares nas áreas dependentes de chuva. Por essas qualidades, pode ser usada como banco de proteínas, com pastejo direto de apenas duas horas por dia, ou ser utilizada nas formas de feno e silagem.

Fonte: Site da Embrapa Semi-Árido.