Com a mão na massa e uma conexão total com a natureza, uma escola de
Bali inova ao relacionar na prática o conceito de sustentabilidade ao ensino.
Passeando no campus da Green School, uma
escola internacional em Sibang Kaja, na Ilha de Bali, Indonésia, você
se imagina explorando o esconderijo de um mundo perdido. Localizada
num cenário paradisíaco, todas as construções são feitas de bambu e
tijolos de lama e palha. Os caminhos são demarcados por pequenos
seixos, o mobiliário é feito de madeira esculpida e velas de barco
assumem o lugar das janelas em algumas salas e aula. Entre as classes,
árvores enormes, coqueiros, terraços de arroz de todos os matizes de
verde sendo traçados por búfalos, jardins floridos e hortas em
volta das salas de aula, onde os alunos plantam e colhem vegetais,
tomates, pepinos, cana-de-açúcar e cacau. Um ambiente
acadêmico ecologicamente saudável onde estudam 272 crianças (dos 3
aos 17 anos de idade) de 47 nações (10% delas balinesas bolsistas),
que nasceu do sonho de um canadense apaixonado pelos balineses, John
Hardy.
Hardy era daqueles garotinhos que
choravam para ir à escola. “Minha escola foi construída pelas mesmas
pessoas que ergueram o hospital e o manicômio, com o material. Não
era permitido pensar fora da caixa. Eu detestava estudar”, diz. Em 1975,
com 25 anos se mandou para Bali, conheceu a sua mulher, Cinthia, e
montaram uma pequena joalheria. O negócio cresceu. Ganhou filial em
Hong Kong, depois Nova York. Em 2007, vendeu a empresa e se
aposentou. Vivia uma vida de rei em Bali, até que sua mulher o
convidou para ir ao cinema ver o filme do Al Gore, Uma Verdade
Inconveniente. John resmungou, mas foi. “Esse filme arruinou a
minha vida. Pensei que, se somente uma parte do que Al Gore disse for
verdade, meus quatro filhos não terão a mesma vida que eu tive. Nesse dia,
eu decidi passar o resto da minha vida lutando para melhorar as suas
possibilidades.”
John apostou na educação. Sonhou com uma
escola verde, que ligasse a vida das pessoas ao ensino. Mandou chamar os
arquitetos balineses. A escola precisava inspirar e servir de exemplo
em cada ato, com o máximo de respeito à comunidade local e aos seus
costumes. “Aqui em Bali, ninguém entra de sapato na casa dos outros. Foi
essa a metáfora que dei”, diz. Também proibiu o uso de material
químico, derivados de petróleo ou madeira nativa. “Como pode
uma escola falar sobre sustentabilidade com os alunos sentados em
carteiras de madeira, quando essas estão praticamente extintas em
Bali?” Foi, então, que pensou no bambu. “Com três meses, o bambu sai da
terra e ultrapassa a altura de um coqueiro. Com três anos, pode ser
colhido.” E assim fez a escola.
Quem visita a Green School fica
encantado com o seu urbanismo, arquitetura, paisagismo e sustentabilidade.
O prédio principal, no centro do campus de 8 hectares, é uma imensa
estrutura de bambu composta de duas torres em espiral. É o chamado
Coração da Escola, onde acontece boa parte das atividades.
O bambu também serve de estrutura para as
outras as salas de aula, as traves do campo de futebol, o balanço das
crianças, a cesta de basquete, as cadeiras, as mesas e as lousas. Não
há pisos nem calçadas. Os alunos transitam de uma sala para outra por
passeios de brita e pedras vulcânicas. O espaço não construído é mata
ou horta, cultivada pelos alunos. Parte das hortaliças é destinada ao
almoço, outra é vendida aos pais.
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