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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

SOMÁLIA

750 mil podem morrer de fome na Somália

Organização da ONU para Agricultura e Alimentação anuncia avanço da epidemia pelo país e diz que situação vai piorar. Foto: Michael Goldfarb/Médicos Sem Fronteiras

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) informou nesta segunda-feira 5 que a epidemia de fome na Somália pode vitimar 750 mil pessoas nos próximos quatro meses caso não haja uma resposta adequada para o problema. O país enfrenta longos conflitos internos e a mais intensa seca dos últimos 60 anos.

O estado de fome, que atinge cerca de quatro milhões de pessoas, espalhou-se para a região de Bay, ao Sul. Um levantamento de agosto encontrou índices de desnutrição aguda e alta taxa de mortalidade na área, controlada por grupos insurgentes islâmicos.

Pela definição, para haver um estado de fome, declarado no país africano em julho, pelo menos 20% das residências devem estar em grave penúria alimentar, 30% da população com desnutrição aguda e uma taxa de mortalidade de duas para cada 10 mil pessoas por dia.

As crianças são a maioria das vítimas. Em agosto, os EUA já estimavam em 29 mil o número de mortos com menos de cinco anos em decorrência da fome.

Envio de alimentos

A ajuda humanitária enfrenta dificuldades para levar e distribuir alimentos no país, uma vez que as regiões mais atingidas pela seca, ao Sul da Somália, são controladas por insurgentes. Esses grupos não permitem a ação de organizações internacionais em seus territórios.

Em julho, grupos extremistas islâmicos, que segundo a ONU e os EUA são ligados à Al Qaeda, queimaram alimentos e medicamentos enviados pelas Nações Unidas ao país. Além disso, mataram funcionários de grupos humanitários e passaram a exigir propina para deixar os alimentos chegarem à população.

Por isso, os somalis fogem para campos de deslocados internos na capital Mogadíscio, que já acumulam mais de 400 mil pessoas. Outros atravessam a fronteira com o Quênia em direção ao campo de refugiados de Dadaab, o maior do mundo, no qual vivem 440 mil indivíduos.

Veja abaixo imagens do campo de refugiados de Dadaab, no Quênia:

Crianças menores de cinco anos são as maiores vítimas da fome. Foto: Foto: Brendan Bannon/MSF

Cerca de seis mil pessoas chegaram ao campo de refugiados de Dadaab apenas na segunda semana de agosto. Foto: Michael Goldfarb/MSF

Paciente é examinado no centro de alimentação terapêutica no hospital de um dos campos de refugiados de Dadaab. Foto: Michael Goldfarb

Criança sendo pesada em um dos postos de saúde gerenciados pelo MSF em Dadaab. Foto:Serene Assir/MSF

" - Uma tragédia, sem dúvida, mas, receio dizer, o mais provável é que não haja solução a curto prazo. A própria matéria diz que alimentos e medicamentos enviados pela ONU ao país foram queimados, e que funcionários de grupos humanitários foram mortos. Não é realista esperar que a ajuda seja retomada nessas condições, por enquanto, pelo menos. De todo modo, quero lembrar que, apesar dos estereótipos, a África não é só isso. Vejamos Angola: a economia angolana cresce 20% ao ano (mais que a chinesa); as Forças Armadas angolanas controlam todo o território do país, e obedecem ao governo local, eleito pela população; Luanda, a capital, tem comércio, escritórios, obras de construção civil, e turismo. Ambos os países são africanos, mas a situação de Angola é completamente diversa do cenário na Somália. Não é um país rico, e tem seus problemas, como o Brasil também os tem, mas faço questão de ressaltar que a África, diferente do imaginário das pessoas, não é só fome e miséria."

Fonte: Redação Carta Capital 5 de setembro de 2011 às 18:52h

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