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Manifestantes tomam o Congresso Nacional. Foto: Flickr
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Alguns setores da sociedade afirmam que a reforma
política não estava na pauta dos movimentos de rua, distorção proposital
apontada por aqueles que não querem de fato incidir em questões vitais para o fortalecimento
do processo democrático brasileiro.
As manifestações de “ruas”, apesar de heterogêneas,
apontaram insatisfação da população, afastada das decisões políticas que dizem
respeito à vida urbana, e colocaram em xeque o sistema político de representação.
Os questionamentos sobre a política de saúde, educação, transporte público,
dentre outros, estão associados às práticas políticas que se distanciam das
necessidades reais da população para privilegiar interesses de grupos
financeiros. Os políticos e partidos foram questionados por não mais retratarem
a vontade do eleitor, por não cumprirem as promessas de campanha, por ignorarem
a participação direta como forma de tomada de decisão.
A Plataforma
dos Movimentos Sociais pela Reforma Política, formulada por um conjunto de
organizações e movimentos sociais, do qual o Ibase se insere,
traçou desde 2004, estratégias para consolidação da reforma política que
envolvem a discussão e mobilização da sociedade para este debate e a decisão de
incidir na discussão realizada no Congresso Nacional. Entendemos que o conceito
da reforma política vai além das questões de alterações nas regras eleitorais e
da representação, concentrando energias na perspectiva de mudança da cultura
política e ampliação dos processos democráticos.
Desde o início, a plataforma tem como estratégia a
apresentação da reforma do sistema político por Iniciativa Popular (instrumento
reconhecido pela nossa Constituição como democracia direta na qual precisa ser
coletado 1% de assinaturas de eleitores/as). Esta estratégia foi adiada até
2011 em função de outra iniciativa popular que a plataforma participou
ativamente: a Lei da Ficha Limpa.
Pouco se avançou na questão da reforma política,
muitos projetos e outras iniciativas foram apresentados ao Congresso Nacional,
entretanto, efetivamente nada foi votado ou quiça discutido.
Pela pressão das ruas a presidente Dilma sugeriu ao
Congresso alguns temas para reforma política a serem submetidos à consulta
popular, por meio de plebiscito:
1 Financiamento público, privado ou misto
2. Sistema eleitoral (voto proporcional ou
distrital)
3. Continuidade ou não da suplência para senador
4. Fim ou não do voto secreto em deliberações do
Congresso
5. Continuidade ou não de coligações partidárias
Para o conjunto de organizações e movimentos sociais
que compõem a Plataforma da Reforma Política é fundamental acrescentar mais
duas questões referentes ao plebiscito, uma referente ao poder de convocação de
plebiscitos e referendos pela própria população e não apenas pelo congresso
como é hoje e outra que define temas que só podem ser decididos pelos
instrumentos da democracia direta.
As discussões políticas sobre a viabilidade de
realização do Plebiscito, valendo para as eleições de 2014, têm resistência da
oposição e de alguns setores de apoio ao governo. Segundo o TSE o plebiscito
para próximas eleições deverá ocorrer até setembro de 2013. Com exceção do PT,
todos os partidos argumentam na Câmara dos Deputados que não há tempo hábil
para realização do Plebiscito. A proposta defendida é de formulação de um
projeto de lei sobre a Reforma Política a ser submetido a referendo popular,
ignorando-se outras iniciativas que já tramitam no Congresso e propõem também a
votação de algumas alterações eleitorais que poderão valer para as eleições de
2014.
Por: Sandra Jouan - Socióloga e pesquisadora do Ibase
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