Projeto prevê
suspensão da medida que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos
neonicotinoides, em vigor no país desde 2012.
Representantes de apicultores e
do Ministério do Meio Ambiente relataram casos de mortalidade e apontaram como
maior culpado o uso de agrotóxicos neonicotinoides. Há suspeitas de que a
substância seja fatal às abelhas ou provoque lesões como a perda de orientação
no espaço ou de olfato.
Desde 2012 o Ibama e o Ministério
da Agricultura estabeleceram regras para o uso de pesticidas à base dessa
substância. Na Europa, produtos com neonicotinoides estão proibidos devido aos
riscos que causam ao sistema nervoso de insetos polinizadores, o que restringe
a área de atuação da espécie e, assim, o rendimento de diversas culturas.
No país, ficou proibida a
pulverização aérea de agrotóxicos neonicotinoides que contenham os ingredientes
ativos Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina ou Fipronil. Um projeto de
decreto legislativo (PDC 809/12), no entanto, prevê a suspensão da medida,
prevista em decisão do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama).
O PDC está pronto para análise da
Comissão e recebeu parecer pela aprovação do deputado Duarte Nogueira
(PSDB-SP). O deputado Antônio Roberto, no entanto, adiantou que, quando a
proposta chegar à Comissão de Meio Ambiente, trabalhará por sua rejeição.
O argumento de Duarte Nogueira é
de que o Ibama extrapolou suas atribuições legislativas e que a medida pode
causar prejuízos ao país. O coordenador-geral de Avaliação e Controle de
Substâncias Químicas do Ibama, Márcio Freitas, porém, rebateu dizendo que cabe
ao Ibama regular agrotóxicos. Ele disse ainda que, em resposta às demandas dos
produtores, o instituto flexibilizou a regra, permitindo a pulverização dos
agrotóxicos nas culturas de soja, cana, trigo e arroz fora da floração, caso
não haja outra alternativa disponível e viável. Somente as lavouras de algodão
podem ser pulverizadas.
– Não temos nada contra a
aplicação aérea, mas dizer que ela é segura é complicado. A gente sabe que não
há controle sobre toda a aplicação aérea no país – destacou Márcio Freitas. Na
avaliação do coordenador, faltam regulações claras, o que teria levado, em maio
deste ano, em Rio Verde (GO), um avião a pulverizar em cima de uma escola,
intoxicando 42 crianças.
– A soja é um dos produtos que
necessita do uso de agrotóxicos. Se nós utilizarmos uma ou duas substâncias,
logo haverá uma resistência e as pragas não serão controladas – alerta o
chefe-geral do Centro Nacional de Pesquisa de Soja da Embrapa, Alexandre José
Cattelan.
– O que nós vemos é que o governo
reagiu em estudos baseados no Sudeste do país. Mas o Centro-Oeste, que tem a
maior produção de soja do Brasil, seria extremamente prejudicado – aponta o
diretor executivo da Aprosoja, Fabrício Rosa.
Segundo especialistas, o Brasil é
o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com a utilização de 300 mil
toneladas por ano. Por isso, é cada vez mais importante aprofundar os estudos,
para que o uso de determinados produtos não causem riscos a biodiversidade do país.
Para o Ibama, o primeiro passo
para se tomar uma decisão em relação à restrição do produto é a conclusão
desses estudos.
Abelhas são responsáveis pela
polinização de 70% das culturas
As abelhas, principalmente as
silvestres, são responsáveis pela polinização de cerca de 70% das culturas,que
respondem por 90% da oferta global de alimentos. A mortandade desses foi
batizada de Colony Collapse Disorder (CCD) e identificada inicialmente nos
Estados Unidos, no inverno no fim de 2006, quando apicultores relataram perdas
de 30% a 90% de suas colmeias.
– Cerca de 90% da comida
consumida no mundo vem da polinização e cerca de 43% são polinizadas por
espécies de abelhas. Apesar de algumas plantas não dependerem da polinização
específica para a reprodução, elas são beneficiadas por esses insetos –
ressalta a pesquisadora da Universidade Federal da Bahia, Maria Cecília de Lima
e Sá de Alencar Rocha.
De acordo com a CBA, a agroindústria
tem ganho de 20% em sua produção em função da polinização natural de abelhas e
aves. Em termos globais, os serviços de polinização prestados pelas abelhas no
ecossistema ou nos sistemas agrícolas são avaliados em US$ 54 bilhões por ano.
Fonte: CANAL RURAL E AGÊNCIA CÂMARA
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