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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Centro ecumênico da Vila Olímpica exclui religiões de matriz africana

“É uma manifestação mundial de racismo”, acredita a ex-presidente da Fundação Palmares, Cida Abreu

Redação-São Paulo (SP), 03 de Agosto de 2016 às 18:31

Cida Abreu, ativista do movimento negro e ex-presidente da Fundação Palmares - Créditos: Reprodução Facebook
Cida Abreu, ativista do movimento negro e ex-presidente da Fundação Palmares / Reprodução Facebook
O Comitê Olímpico Internacional optou por excluir as religiões de matriz africana do centro ecumênico da Vila Olímpica, contrariando a recomendação do Ministério Público Federal. Somente cristãos, judeus, muçulmanos, budistas ou hindus terão sacerdotes de suas religiões no espaço.

Segundo Cida Abreu, ex-presidente da Fundação Palmares, ativista do movimento negro e membro do diretório nacional do PT, a decisão do COI é uma “manifestação mundial de racismo”. 

“É optar por não aproveitar esse momento para valorizar a cultura de matriz africana como uma deferência a todos os crimes de racismo que acontecem no mundo”, disse à revista Brasileiros.

A ativista acredita que o país está negando sua identidade, repetindo nos Jogos Olímpicos o que aconteceu na abertura da Copa do Mundo, em 2014.

“Mais uma vez, o Brasil não consegue se apresentar. O Brasil é continental, multicultural, pluriétnico e recebemos todo mundo de braços abertos. Agora, quem foram os primeiros moradores desse país? Não foram os organizadores do COI. A intolerância se fortalece a partir dessas atitudes.”

Cida diz também que a umbanda e o candomblé devem ser compreendidos não apenas como manifestações religiosas, mas também culturais: “É um patrimônio cultural ancestral afrobrasileiro, que imprime a presença africana no Brasil”.

Para ela, os ataques constantes aos terreiros em todo o país é motivo suficiente para a representação durante os jogos.

“O país vive uma crise política, de identidade, de representação, de pertencimento, até geracional no que diz respeito a se apropriar dos bens e valores culturais brasileiros. A nossa crise não é somente política, é cultural – a cultura no seu mais amplo conceito na sociedade. […] Em um momento em que estamos combatendo a intolerância religiosa, a religião mais vitimizada com a intolerância e o crime de racismo é a de matriz africana”, acredita.

Leia a entrevista completa no site da Brasileiros.

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