Há vitórias que
desconcertam pela intrínseca dimensão crepuscular que carregam. Em geral
atestam o fim de um ciclo, quando o trunfo imediato mais revela uma perda de
tônus do que reafirma uma supremacia promissora. Foi um pouco esse o sabor
amargo do trunfo entre aspas conquistado por José Serra na prévia deste domigo
do PSDB para a escolha do candidato do partido à prefeitura de São Paulo.
O grande vitorioso
foi a rebeldia do secretário estadual tucano José Aníbal, que se recusou a
renunciar a favor de Serra, obtendo o surpreendente apoio de 31,2 % dos
votantes; o deputado federal Ricardo Tripoli amealhou outros 15,7 %, cravando o
3º lugar. Os serristas não escondiam a decepção com uma vitória que mais
fragiliza e desgasta do que consagra.
Imaginava-se fazer
da convenção uma gigantesca operação reiterativa do suposto favoristismo do
candidato na disputa municipal, dando-lhe mais de 80% dos votos --"para
não passar a impressão de que o partido entra dividido na corrida
eleitoral". Deu-se o inverso.
A vitória
decepcionante entre seus pares foi o revés oposicionista mais eloquente sofrido
pelo ex-governador numa disputa municipal que apenas se inicia. Ela gerou um
fato político mais grave do que um eventual crescimento das intenções de voto
entre os seus adversários. Por uma razão incontornável: o resultado mostrou de
maneira inequívoca que a liderança de Serra sofre o peso de um teto e não tem
mais horizonte de crescimento ou de apoio nem entre os tucanos. Um palavra para
exprimir esse estágio é declínio; convenhamos, não soa exatamente como um
bordão eleitoral empolgante e mobilizador.
Postado por Saul Leblon
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