VOLTANDO
A UTILIZAR O BLOG, VENHO MAIS INDIGNADO DO QUE ANTES, OS SENADORES APROVARAM O
TEXTO CONTROVERSO PARA O NOVO CÓDIGO FLORESTAL.
Com segurança reforçada durante todo o dia, o
Plenário do Senado Federal aprovou nesta terça-feira a proposta de reforma do
Código Florestal brasileiro, com novas regras para atividades agrícolas e
obrigações e critérios de recomposição da vegetação devastada. Com as mudanças
promovidas pelos senadores - 26 emendas foram acatadas - o texto precisará ser
novamente apreciado pela Câmara dos Deputados.
Entre as determinações confirmadas pelos
senadores no texto-base está a autorização para ocupação e desmatamento de
vegetação nativa em áreas de preservação permanente (APP), com o objetivo de
construir estádios de futebol e infraestrutura que garanta condições para o
Brasil sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. São APPs, por
exemplo, as áreas de mananciais, encostas, manguezais e matas ciliares.
As polêmicas em torno do novo Código Florestal -
protestos foram organizados ao longo de todo o debate do texto - podem ser
exemplificadas no que os ambientalistas classificam como flexibilização das
regras de ocupação das APPs. Além da construção de estádios, incluídos como
"atividade de interesse social", as novas regras para ruralistas e
ambientalistas prevêem ainda que, se comparada com a legislação atual, em áreas
consolidadas (antes de julho de 2008) com atividades agrícolas ou pastoris, os
proprietários terão reduzida à metade sua obrigação de recompor a vegetação
devastada.
Também entre os pontos de maior atrito entre
ambientalistas e ruralistas aprovados no Plenário do Senado está a
possibilidade de suspensão de multa àqueles que desmataram em APPs e áreas de
reserva legal - percentual de terra que não pode ser desmatado em determinado
bioma - antes de julho de 2008 desde que se comprometam a recuperar parte da
área degradada. Conforme o texto aprovado pelo Senado, programas de
regularização ambiental definidos pela União e pelos Estados irão estabelecer o
que precisará ser reflorestado com mata nativa e que poderá ser mantido como
atividade produtiva dentro de uma área de proteção permanente. A
não-obrigatoriedade de reflorestamento contempla também pequenos produtores
(com propriedades até quatro módulos fiscais, ou 400 hectares) que desmataram
reserva legal antes de julho de 2008.
Conforme o texto aprovado em Plenário, o Poder
Executivo deverá criar um programa de apoio financeiro para quem preservar ou
recuperar o meio ambiente, com possibilidades de redução de impostos para
empresas que industrializem ou comercializem produtos que cumpram as regras
ambientais.
Sob a ameaça de poder ser declarado
inconstitucional ou passível de contestação na Organização Mundial do Comércio
(OMC), outro trecho do novo Código Florestal aprovado hoje estabelece que a
Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento passa a
ter direito a adotar restrições a importações de países "que não observem
normas e padrões de proteção do meio ambiente compatíveis com as estabelecidas
pela legislação brasileira". No limite, se o colegiado entender, por exemplo,
que um determinado país tem uma legislação ambiental muito fraca, o Brasil
poderia barrar a entrada de produtos vegetais ou animais dessa nação.
Se comparada à legislação vigente hoje, o novo
Código Florestal ainda protela por mais cinco anos a aplicação da resolução que
proíbe crédito agrícola a proprietários que não tenham cadastro ambiental rural
e inova ao instituir um cadastro nacional de cada árvore existente no País para
a formação do Inventário Florestal Nacional.
Antes mesmo do final da votação, a ministra do
Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que acompanhava as discussões do Código
Florestal de dentro do cafezinho do Senado, já afirmava que "as velhas
teses" de ambientalistas e ruralistas foram abandonadas. "Mitos
caíram. É possível pequenos agricultores serem recepcionados (pelas leis) e
ambientalistas também serem recepcionados. A situação do passado, em que tudo
era terra arrasada, mudou", disse a ministra, que admitiu que a
articulação em torno da elaboração das novas regras ambientais e de produção agrícola
permitiu reverter a "inércia do setor público" sobre o tema.
Fonte: http://noticias.terra.com.br
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