UM ESPAÇO PARA OPINIÕES, DEBATES, DENÚNCIAS, CURIOSIDADES, TUDO ISTO DENTRO DA CULTURA, DO MEIO AMBIENTE, DA DEMOCRACIA, DE COXIXOLA "A CIDADE DA CULTURA E DO LEITE DE CABRA" E DO CARIRI PARAIBANO.
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sábado, 28 de dezembro de 2019
A Volta A Serra 2019
Com a Promessa de restaurar a Cruz de Mimi de Agostinho de Damião Chato, voltamos a Serra do Coró, que fica entre as divisas geográficas dos municípios de Caraúbas-PB e Coxixola-PB...
sábado, 19 de janeiro de 2019
A PARTIR DESSE ANO DE 2019, VAMOS COLOCAR AQUI, FATOS, VERÍDICOS OU NÃO, SOBRE NOSSA COMUNIDADE.
Coxixola, hoje, é a 3ª menor cidade
da Paraíba, com uma população que quase não ultrapassa os 2100 habitantes, extraoficialmente.
Agora imagine, Coxixola, em 1908,
numa tarde quente de novembro... imaginou?
O seu retrato deverá ter sido, mais
ou menos assim, uma rua de barro, duas pequenas “carreias” de casas, com cores
brancas e/ou em tons pasteis, portas altas, com a metade superior aberta, 10 ou
20 de tijolos o resto de taipa nos arrebardos, uma igreja em construção no
meio, animais transitando tranquilamente pela avenida, algumas crianças se
arriscam a brincar de correr, outras com alguns brinquedos confeccionados em
madeira de umburana, ou uma simples vara de marmeleiro, decoradas por facas cegas
e mãos habilidosas, sevem de cavalos. 3 ou 4 cabeças e meio corpo para fora de
portas e janelas, são donas de casa, com olhos de lince e memoria fotográfica
em 4K.
Este quadro bucólico, é destroçado,
sonoricamente, por um barulho muito estranho, continuo e volume gradativo, vrum
toc toc, vrum toc toc toc, vrum toc toc toc toc, vrumm... de repente, surge, em
cima da ladeira na entrada da rua, a Besta Fera, toda vermelha de capa preta,
dois grandes olhos em fogo ardente, com inúmeros dentes finos e brilhantes.
Neste instante, não ficou um pé de
menino na rua, todos de olhos arregalados, as lagrimas de quatro em quatro, ou
agarrados nas pernas de alguém ou embaixo de suas camas, bateram-se as portas,
como se a janelas ganhasse vidas, em suas frestas, dava para ver olhos grandes
que mal pestanejavam.
Seu Zeca, homem de respeito e
conhecedor de leitura, sai na porta para ver do que se tratava, logo identifica
o cavaleiro do apocalipse que adentrava na rua, exclama ele: ”deixem de
besteira, é um carro que se auto-move”, neste momento, mulheres, meninos e
homens, pulam cercas, porteiras, rasgam no peito, jurema preta e quixaba,
ganham o mato, o pé batia na bunda, pois Dona Maroja, meia moca, não entendeu
direito, com as mãos na cabeça, gritou na cozinha que vinha oito ou nove.
Tratava-se apenas de um automóvel,
com motor a explosão, da marca “Decauville”, movido a gasolina ou benzina de farmácia.
Ouvindo isto, Dona Nanú correu para a porta, na ânsia de olhar o tão falado automóvel,
mas na confusão tropeçou, o objeto em uma velocidade estonteante, cerca de 6 a 7 km/hora,
apenas em uma macha, o aniquilador de mundos, transpassou a vila de Coxixola,
sem que muitos dos curiosos o visse.
Dona Nanú foi um deles, uma
profunda tristeza e ódio, em dias de calma, desejou apenas, que antes da caibeira
da volta, ele pegasse fogo.
Dizem, que o mesmo não chegou nem
avistar a caibeira, tornando mais cinza a cor da caatinga...
Volta a reinar o silencio na vila
de Coxixola, que é quebrado em poucos instantes, por um grito de dor e angustia
desesperadora do pequeno João de Preta Cupira, correndo agarrado com sua mão,
não tem consolo o menino, quando indagado, apenas aponta, aos prantos, consegue
folego para balbuciar: “foi a Besta Fera que deixou aquele bicho no chão que me
mordeu, vou morrerrr...”.
O negro Antoim Jordão, um dos
poucos com leitura e comunistas a época, corre para olhar o que é, com o mostro
espinhento não identificado, chama Seu Zeca com a garrucha para ver, que animal
poderia ser aquele, este também não identifica, simplesmente manda-lhe chumbo
quente, ferindo-o mortalmente, porém, o estranho animal, consegue lança vários ovos,
ao tempo que exala um cheiro estranho, agradável, mas desconhecido.
Chamaram o coveiro da vila, seu Antônio
Evaristo, para apanhar tudo e colocar num saco de couro, nisso a roda de gente se
multiplicava, para olhar o bicho, que não mordia, nem se mexia, mais estava com
suas entranhas amareladas exposta, um sangue branco escorria, dezenas de ovos
espalhados pelo chão.
Depois de muito trabalhar para
juntar tudo, Seu Zeca manda colocar um banguê, não enterrar agora não, ordena
que Antônio Evaristo, junto com mais três de seus cabras, a cavalo, levem a
fera para a vila de Caraúbas, pois lá tem um compadre dele, Seu Neves, que
entende desses bichos, no entanto recomenda que só mostre em frente a Igreja.
Ao chegar na venda de Seu Neves,
homem letrado, caçador e muito valente, Antônio Evaristo grita em desespero
para que o homem venha logo ver um animal que trouxeram de Coxixola, para sua autopsia
e identificação cientifica. Ao jogarem o saco no chão, um dos supostos ovos
escapa e cai aos pés de Seu Neves, que o esmaga em um só golpe com seu solado
da bota, levanta o queixo, coloca as mãos na cintura, cospe de lado.
“Onde acharam isto? Cabras frouxos!”
Indaga o velho sábio, terror das grandes onças nas serras do Monte Alegre, Antônio
Evaristo explica tudo.
Com a ponta de uma vara, de longe,
Seu Neves mexe nas entras do mostro, neste momento outra dezena de curiosos já se
amontoa no entorno, o velho tenta abrir o animal com as mãos, mas fere o dedo
na carapaça esverdeada e espinhenta do alienígena, gritando que ainda estar
vivo, cai de costa com o susto, pois tentou morde-lo, homens, mulheres e meninos,
que estavam ao redor, desceram o cacete, era pedra, chute, pau de todo tipo,
até revólver trouxeram, vinte minutos de linchamento na porta da igreja.
Com os tiros, o padre acordou,
levanta-se rapidamente, correndo, chega no altar, sente um cheiro, com um ar de
sorriso no rosto, lembrou-se dos tempos que viverá no seminário, agarrou-se a
barra da batina e correu, ao deparar-se com quase metade dos habitantes da vila,
vendo que não sobrou mais nada para ele, reclamou em voz alta e autoritária,
quase excomungando seus fiéis: “vocês são muito covardes, comeram isso tudo de JACA
aqui, na minha porta, num tiveram a coragem de deixar nem um bago para mim, moi
de murrinha!”.
Por Genilson B. Brito.
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